
domingo, 22 de novembro de 2009
Na infância, quando íamos passar as férias na fazenda, lá no Triângulo Mineiro, havia um telefone em que se rodava a manivela para chamar a Dona Maricota, a telefonista. Então, pedíamos a ligação, ou para alguma fazenda vizinha ou para a cidade que ficava no mesmo município, nunca interurbano. Pedíamos não, aliás, eu ouvia pedir, porque telefone não era coisa de menino(a). Depois disso, era necessário desligar e aguardar que a senhora retornasse. Por vezes, ela se esquecia e era preciso lembrá-la. Assim, dar um telefonema ocupava uma boa parte da manhâ ou da tarde (à noite estava fora da hora!), não que pudesse ficar conversando muito, era apenas o essencial, pois a ligação costumava cair toda hora.
Na cidade, também ainda não havia DDD, tudo era pedido via telefonista - na minha cabeça, "que telefonista sabida", pois conseguia tamanha façanha. Mas era algo muito caro e pouquissimamente usado. Meus irmãos que estudavam internos em Campinas e Monte Aprazível nunca telefonavam - lembro-me apenas de um telefonema do padre contando que um havia fugido do colégio! Vinham somente nas férias de julho e de dezembro para casa. Já em 1964, outro irmão que estudava em Curitiba de vez em quando, escrevia cartas, nunca telefonava, era coisa cara! Sua correspondência era motivo de muita alegria, curiosidade e comentários entre os dez irmãos.
Quando surgiu o DDD, que maravilha! Era tema de longas conversas na roda familiar que se formava todo dia na nossa casa, na dos avós ou tios, alternadamente.
O tempo passou, casei-me em 1975 e ter uma linha telefônica, mesmo no centro da cidade de Campinas (SP) era processo demorado, coisa de um ano após o pedido feito. Então, o programa de domingo à noite era ir à telefônica, enfrentar uma fila enorme para conversar na cabine (Que calor era lá dentro!) com os familiares de ambos os lados. Hoje, com o skype, enquanto estou redigindo este texto, já abri a janela algumas vezes para papear com meu filho, eu no Mato Grosso e ele do outro lado do Atlântico, já papeei com uma amiga que mora em Rondônia e assim por diante. Que maravilha!
A tecnologia do skype nos permite mais CONvivência familiar e social (falta ser possível abraçar, beijar e sentir o cheiro, é verdade!), nem que seja no espaço virtual, além de podermos fazer várias ações ao mesmo tempo. Que vontade voltar àquela fazenda e, com aquelas pessoas, usar o laptop e a internet móvel! Cada coisa tem seu tempo! Deixa estar!
Na cidade, também ainda não havia DDD, tudo era pedido via telefonista - na minha cabeça, "que telefonista sabida", pois conseguia tamanha façanha. Mas era algo muito caro e pouquissimamente usado. Meus irmãos que estudavam internos em Campinas e Monte Aprazível nunca telefonavam - lembro-me apenas de um telefonema do padre contando que um havia fugido do colégio! Vinham somente nas férias de julho e de dezembro para casa. Já em 1964, outro irmão que estudava em Curitiba de vez em quando, escrevia cartas, nunca telefonava, era coisa cara! Sua correspondência era motivo de muita alegria, curiosidade e comentários entre os dez irmãos.
Quando surgiu o DDD, que maravilha! Era tema de longas conversas na roda familiar que se formava todo dia na nossa casa, na dos avós ou tios, alternadamente.
O tempo passou, casei-me em 1975 e ter uma linha telefônica, mesmo no centro da cidade de Campinas (SP) era processo demorado, coisa de um ano após o pedido feito. Então, o programa de domingo à noite era ir à telefônica, enfrentar uma fila enorme para conversar na cabine (Que calor era lá dentro!) com os familiares de ambos os lados. Hoje, com o skype, enquanto estou redigindo este texto, já abri a janela algumas vezes para papear com meu filho, eu no Mato Grosso e ele do outro lado do Atlântico, já papeei com uma amiga que mora em Rondônia e assim por diante. Que maravilha!
A tecnologia do skype nos permite mais CONvivência familiar e social (falta ser possível abraçar, beijar e sentir o cheiro, é verdade!), nem que seja no espaço virtual, além de podermos fazer várias ações ao mesmo tempo. Que vontade voltar àquela fazenda e, com aquelas pessoas, usar o laptop e a internet móvel! Cada coisa tem seu tempo! Deixa estar!
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
CULTURA E IDENTIDADE: DISCURSOS II
Internautas leitores,
Helenice e eu demos continuidade a nossos objetivos e organizamos CULTURA E IDENTIDADE: DISCURSOS II. Na capa, constam todos os articulistas da obra. O lançamento ocorreu no IV ENALIHC - Encontro Nacional das Ciências da Linguagem, História e Cultura, no dia 15 de novembro, na UNEMAT (Universidade Estadual de Mato Grosso) / Campus de Sinop.
Dezesseis pesquisadores - graduados, mestres, mestrandos, doutorandos e doutores - atuantes na rede pública e particular de ensino brasileira – seja no Colégio Albert Sabin de Sinop, na Secretaria do Estado de Mato Grosso, na Universidade Estadual de Mato Grosso, na Universidade Estadual de São Paulo e na Universidade Federal de Mato Grosso – reuniram-se para falar sobre CULTURA E IDENTIDADE, enfocando DISCURSOS, nas áreas de EDUCAÇÃO, de LINGUAGEM e de LITERATURA.
Em Educação, versa-se sobre a educação de índios e não-índios, segue-se pelo exercício de repensar a cidadania almejando a participação dos sujeitos nas ações coletivas, retoma-se o projeto neoliberal mais especificamente a escola nos assentamentos de Reforma Agrária do Incra, enfoca-se o discurso da discriminação racial relativo a alunos de ascendência negra e termina-se nos diferentes significados que o binômio disciplina e indisciplina pode assumir no âmbito educacional. Em Linguagem, o acontecimento discursivo da (falsa) intenção de civilidade, cidadania e respeito ao indígena constante em uma lei do Brasil-Colônia deixa nu o interesse de territorialização dos colonizadores, assim como o mencionado objetivo de interatividade e agenda no Blog do Planalto no Brasil atual formaliza-se como propaganda política; por outro lado, identifica-se a presença dos discursos sócio-ideológico-culturais femininos instituídos na sociedade patriarcal nos discursos de mulheres atuais e mostra-se a premência de que o desvelamento discursivo seja prática constante na escola. Em Literatura, na cultura pós-moderna, percebe-se o discurso metafórico como figurativização das dimensões de uma vivência conflituosa, a legitimação do poder em um grupo por mero reconhecimento baseado em pacto de cidadania e sapiência, o discurso das imagens bíblicas como mostra do sagrado na expressão poética e o do “novo mundo pós-moderno” projetado nos corpos de personagens humanos e de colônias de insetos.
Enfim, uma apoteose discursiva!
Helenice e eu demos continuidade a nossos objetivos e organizamos CULTURA E IDENTIDADE: DISCURSOS II. Na capa, constam todos os articulistas da obra. O lançamento ocorreu no IV ENALIHC - Encontro Nacional das Ciências da Linguagem, História e Cultura, no dia 15 de novembro, na UNEMAT (Universidade Estadual de Mato Grosso) / Campus de Sinop.
Dezesseis pesquisadores - graduados, mestres, mestrandos, doutorandos e doutores - atuantes na rede pública e particular de ensino brasileira – seja no Colégio Albert Sabin de Sinop, na Secretaria do Estado de Mato Grosso, na Universidade Estadual de Mato Grosso, na Universidade Estadual de São Paulo e na Universidade Federal de Mato Grosso – reuniram-se para falar sobre CULTURA E IDENTIDADE, enfocando DISCURSOS, nas áreas de EDUCAÇÃO, de LINGUAGEM e de LITERATURA.
Em Educação, versa-se sobre a educação de índios e não-índios, segue-se pelo exercício de repensar a cidadania almejando a participação dos sujeitos nas ações coletivas, retoma-se o projeto neoliberal mais especificamente a escola nos assentamentos de Reforma Agrária do Incra, enfoca-se o discurso da discriminação racial relativo a alunos de ascendência negra e termina-se nos diferentes significados que o binômio disciplina e indisciplina pode assumir no âmbito educacional. Em Linguagem, o acontecimento discursivo da (falsa) intenção de civilidade, cidadania e respeito ao indígena constante em uma lei do Brasil-Colônia deixa nu o interesse de territorialização dos colonizadores, assim como o mencionado objetivo de interatividade e agenda no Blog do Planalto no Brasil atual formaliza-se como propaganda política; por outro lado, identifica-se a presença dos discursos sócio-ideológico-culturais femininos instituídos na sociedade patriarcal nos discursos de mulheres atuais e mostra-se a premência de que o desvelamento discursivo seja prática constante na escola. Em Literatura, na cultura pós-moderna, percebe-se o discurso metafórico como figurativização das dimensões de uma vivência conflituosa, a legitimação do poder em um grupo por mero reconhecimento baseado em pacto de cidadania e sapiência, o discurso das imagens bíblicas como mostra do sagrado na expressão poética e o do “novo mundo pós-moderno” projetado nos corpos de personagens humanos e de colônias de insetos.
Enfim, uma apoteose discursiva!
JANELAS DA HUMANIZAÇÃO
O homem age sobre a natureza e sobre os outros homens desde o princípio dos tempos. Seguindo Steve Johnson, em sua obra CULTURA DA INTERFACE – COMO O COMPUTADOR TRANSFORMA NOSSA MANEIRA DE CRIAR E COMUNICAR (original em 1997 e traduzido pela Jorge Zahar em 2001), comparo o computador à arquitetura. Das cavernas, protetoras das intempéries e de animais devoradores, o ser humano foi moldando seu espaço ao longo dos milênios conforme sua cultura e estágio de conhecimento sobre as coisas.
A palavra espaço pode ser entendida como espaço da corporeidade física e espaço da corporeidade psíquica. Para atender as necessidades da primeira corporeidade, as edificações modificaram-se – na aglomeração da urbe atual, o homem mora “empilhado” em edifícios, por exemplo. Para atender as necessidades da segunda corporeidade, também passou da pedra, para a tábua de madeira/barro, para o pergaminho/papiro, para chegar à folha de papel manuscrito, à folha impressa e à tela virtual.
Esses dois espaços tentam se harmonizar sempre: o conhecimento cada vez maior precisa ser condensado em local cada vez menor para coabitar com o ser humano. De 1946 para cá, com a invenção do primeiro computador com trinta toneladas para o laptop/whi-fi, grande parte do saber acumulado até o momento pode ser totalmente acessado por cada ser humano em um curto espaço de uma pequeníssima mesa de escritório. A tela configura-se como um escritório de altíssimo nível, visto que em seu desktop podem ser dispostos/ “engavetados” todos os arquivos (mortos ou não, inclusive lixeiras) que se julguem necessários pelo tempo que se queira.
Por sua vez, o modo de contactar estes arquivos ficou cada vez mais rápido e sem segredos – das ordens de comandos do DOS, de 1980, complicadíssimos percursos a serem delineados para a interface computacional seguir –, passou-se ao mouse e, ao whi-fi, com os próprios dedos. Além disso, é possível ter tudo organizado – de livros a álbuns de fotos (de familiares ao mundo todo), correspondências, endereços (e não só eles, com um click consigue-se conversar, ver e ouvir o remetente!), contas e pastas arquivadas e dispostas da forma que se queira, em um palmo de espaço, como se pode ver abaixo. Aplicando a usual metáfora médica, há até vacinas para cuidar de algum arquivo virulento e pode-se prazerosamente praticar alguma atividade lúdica ou se exercitar fisicamente! Mens sana em corpore sanus!
Aos poucos, este escritório está se tornando uma verdadeira casa e até um clube de amigo e círculo de trabalho! Podem-se hospedar “pessoas” e ser hospedado, assim como ampliar o círculo de amigos e ou colegas de trabalho, seja nas salas de bate-papo ou em outros pontos de encontro!
Quanto mais organizados somos e quanto melhor capacidade de denominação e de categorização, mais rapidamente encontramos nossos “guardados” nos arquivos das “janelas” de nosso escritório/casa! Pasmem: pode-se também, quase sem perigo algum, guardar a máquina fotográfica no desktop, como se vê acima!
As janelas estão dispostas em uma forma hierárquica tal que é fácil perceber a relação contém e contido. Até nisso a arquitetura da corporeidade psíquica adapta-se à cultura pós-moderna, pois cada tema pode ser categorizado e visto por diferentes facetas, ora justapostas ora hierarquizadas, o que pode ser também (re)visto por alguns como desorganização e fragmentação de noções acerca do mundo.
A metáfora do uso de Windows já se tornou uma catacrese, ou seja, uma metáfora morta, e a compreensão do sentido literal torna-se até motivo de piada, como podemos ler abaixo:
CORTINAS
Uma loira entra numa loja de cortinas e diz para o empregado:
- Por favor, eu queria umas cortinas para o monitor do meu computador!
O empregado, espantado, diz:
- Mas, minha senhora, os monitores não necessitam de cortinas.
Diz a loira, com ar de espertalhona:
- Helloooooooooooooooo?!?!?!?! Eu tenho o indooooooooooooooows!!!!!!! (em inglês, quer dizer janela )
Caindo no corriqueiro, logo surgirão outras ferramentas que certamente serão úteis na resolução de novos problemas. O homem está sempre “arranjando a casa”, assim como na biologia os seres caracterizam-se pela exaptação. É o caso das lentes que fazem parte dos programas mais atuais, da janela “documentos recentes”, da distribuição do texto em colunas e posicionamento de objeto no texto, apenas para citar ferramentas do Word.
Além de estar “residindo” cada um em sua casa, participa-se de uma “cidade global” em que os crimes virtuais podem ocorrer como na realidade não virtual; como por exemplo, a reprodução da propriedade intelectual alheia e a difamação.
Esse rearranjo constante físico-espiritual tem ocasionado novos tipos de relações sociais, afetivas, profissionais, educacionais e modos de viver, entre tantas outras alterações culturais. Apenas o distanciamento no tempo poderá analisar com estranheza o período pré e pós-computador.
A palavra espaço pode ser entendida como espaço da corporeidade física e espaço da corporeidade psíquica. Para atender as necessidades da primeira corporeidade, as edificações modificaram-se – na aglomeração da urbe atual, o homem mora “empilhado” em edifícios, por exemplo. Para atender as necessidades da segunda corporeidade, também passou da pedra, para a tábua de madeira/barro, para o pergaminho/papiro, para chegar à folha de papel manuscrito, à folha impressa e à tela virtual.
Esses dois espaços tentam se harmonizar sempre: o conhecimento cada vez maior precisa ser condensado em local cada vez menor para coabitar com o ser humano. De 1946 para cá, com a invenção do primeiro computador com trinta toneladas para o laptop/whi-fi, grande parte do saber acumulado até o momento pode ser totalmente acessado por cada ser humano em um curto espaço de uma pequeníssima mesa de escritório. A tela configura-se como um escritório de altíssimo nível, visto que em seu desktop podem ser dispostos/ “engavetados” todos os arquivos (mortos ou não, inclusive lixeiras) que se julguem necessários pelo tempo que se queira.
Por sua vez, o modo de contactar estes arquivos ficou cada vez mais rápido e sem segredos – das ordens de comandos do DOS, de 1980, complicadíssimos percursos a serem delineados para a interface computacional seguir –, passou-se ao mouse e, ao whi-fi, com os próprios dedos. Além disso, é possível ter tudo organizado – de livros a álbuns de fotos (de familiares ao mundo todo), correspondências, endereços (e não só eles, com um click consigue-se conversar, ver e ouvir o remetente!), contas e pastas arquivadas e dispostas da forma que se queira, em um palmo de espaço, como se pode ver abaixo. Aplicando a usual metáfora médica, há até vacinas para cuidar de algum arquivo virulento e pode-se prazerosamente praticar alguma atividade lúdica ou se exercitar fisicamente! Mens sana em corpore sanus!
Aos poucos, este escritório está se tornando uma verdadeira casa e até um clube de amigo e círculo de trabalho! Podem-se hospedar “pessoas” e ser hospedado, assim como ampliar o círculo de amigos e ou colegas de trabalho, seja nas salas de bate-papo ou em outros pontos de encontro!
Quanto mais organizados somos e quanto melhor capacidade de denominação e de categorização, mais rapidamente encontramos nossos “guardados” nos arquivos das “janelas” de nosso escritório/casa! Pasmem: pode-se também, quase sem perigo algum, guardar a máquina fotográfica no desktop, como se vê acima!
As janelas estão dispostas em uma forma hierárquica tal que é fácil perceber a relação contém e contido. Até nisso a arquitetura da corporeidade psíquica adapta-se à cultura pós-moderna, pois cada tema pode ser categorizado e visto por diferentes facetas, ora justapostas ora hierarquizadas, o que pode ser também (re)visto por alguns como desorganização e fragmentação de noções acerca do mundo.
A metáfora do uso de Windows já se tornou uma catacrese, ou seja, uma metáfora morta, e a compreensão do sentido literal torna-se até motivo de piada, como podemos ler abaixo:
CORTINAS
Uma loira entra numa loja de cortinas e diz para o empregado:
- Por favor, eu queria umas cortinas para o monitor do meu computador!
O empregado, espantado, diz:
- Mas, minha senhora, os monitores não necessitam de cortinas.
Diz a loira, com ar de espertalhona:
- Helloooooooooooooooo?!?!?!?! Eu tenho o indooooooooooooooows!!!!!!! (em inglês, quer dizer janela )
Caindo no corriqueiro, logo surgirão outras ferramentas que certamente serão úteis na resolução de novos problemas. O homem está sempre “arranjando a casa”, assim como na biologia os seres caracterizam-se pela exaptação. É o caso das lentes que fazem parte dos programas mais atuais, da janela “documentos recentes”, da distribuição do texto em colunas e posicionamento de objeto no texto, apenas para citar ferramentas do Word.
Além de estar “residindo” cada um em sua casa, participa-se de uma “cidade global” em que os crimes virtuais podem ocorrer como na realidade não virtual; como por exemplo, a reprodução da propriedade intelectual alheia e a difamação.
Esse rearranjo constante físico-espiritual tem ocasionado novos tipos de relações sociais, afetivas, profissionais, educacionais e modos de viver, entre tantas outras alterações culturais. Apenas o distanciamento no tempo poderá analisar com estranheza o período pré e pós-computador.
Assinar:
Postagens (Atom)